UAB-UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Olhem aí, para evitar teorias e mais teorias, fizemos um apanhado do conceito de CONTO para alguns contistas importantes. Confiram.
Os contistas e sua opinião acerca do gênero
Alex Gennari: "Se no conto o autor vence o leitor por nocaute, enquanto no romance, vence por pontos; no microconto, o nocaute acontece logo no primeiro assalto! Para tanto, o autor deve ser tão fulminante com as palavras, quanto Mike Tyson era com as luvas em seus áureos tempos (...) Aliás, o termo ‘corruíra nanica’, soa muito melhor do que microconto. É mais criativo, menos acadêmico”.
Edgar Allan Poe: "No conto breve, o autor é capaz de realizar a plenitude de sua intenção, seja ela qual for. Durante a hora de leitura atenta, a alma do leitor está sob o controle do escritor. Não há nenhuma influência externa ou extrínseca que resulte de cansaço ou interrupção”.
Júlio Cortázar: "Um conto é significativo quando quebra seus próprios limites com essa explosão de energia espiritual que ilumina bruscamente algo que vai muito além da pequena e às vezes miserável história que conta (...) o tempo e o espaço do conto têm de estar como que condensados, submetidos a uma alta pressão espiritual e formal para provocar essa 'abertura'“.
Boris Eikhenbaum: "Short Story é um termo que subentende sempre uma história que deve responder a duas condições: dimensões reduzidas e destaque dado à conclusão. Essas condições criam uma forma que, em seus limites e em seus procedimentos, é inteiramente diferente daquela do romance”.
J. Berg Esenwein: “O conto é uma narrativa breve; desenrolando um só incidente predominante e uma personagem principal, contém um assunto cujos detalhes são tão comprimidos e o conjunto do tratamento tão organizado, que produzem uma só impressão”.
José Oiticica: "[que o conto] seja ou pareça-nos realmente um 'caso' considerado pela novidade, pelo repente, pelo engraçado ou pelo trágico”.
Anton Tcheckov: "Em contos, é melhor não dizer o suficiente que dizer demais”.
Machado de Assis: "O tamanho não faz mal a esse gênero de histórias, é naturalmente a sua qualidade”.
Horácio Quiroga: "O conto literário consta dos mesmos elementos que o conto oral e é, como este, o relato de uma história bastante interessante e suficientemente breve para que absorva toda a nossa atenção”.
Alceu Amoroso Lima: "O tamanho representa um dos sinais característicos de sua diferenciação. Podemos mesmo dizer que o elemento quantitativo é o mais objetivo dos seus caracteres. O romance é uma narrativa longa. A novela é uma narrativa média e o conto é uma narrativa curta. O critério pode ser muito empírico, mas é muito verdadeiro. É o único realmente positivo.”.
Deonísio da Silva: "Os homens têm sido contistas desde priscas eras (...) Jesus foi um extraordinário contista, ainda que jamais tenha escrito um único e escasso livro (...) Criativo, inovador, o famoso nazareno inventou contos fascinantes. Basta dar uma olhadinha nas parábolas (...) São contos, por exemplo, numerosas narrativas bíblicas (...) O Pantschatantra, hindu, está cheio de contos. As mil e uma noites são um verdadeiro panegírico do gênero. O Edda, escandinavo, é uma reunião de contos. O Beowulf, teuto-bretão, também. As nossas lendas indígenas são contos. As anedotas e piadas são contos. A prosa popular é, pois, muito chegadinha a um conto”.
Ítalo Moriconi: "(...) a porosidade do gênero conto, a capacidade que o conto tem de confluir e confundir-se com gêneros próximos, como o poema em prosa, a crônica, a página de meditação, o perfil de uma personagem, a página autobiográfica (...) Pelos critérios atuais, pode-se dizer que um conto é uma narrativa de no máximo 20 a 25 páginas. A partir, daí já começam a ser franqueadas as dimensões e o ritmo narrativo daquilo que nossa tradição literária chama de novela ou noveleta.”.