É nesse cenário que pela primeira vez Augusto Comte fala em Sociologia. Dentre as várias ideias produzidas pelo autos, destacaremos apenas algumas:
- O autor acredita em um processo evolutivo das sociedades, semelhante ao que argumentou Charles Darwin na sua teoria das espécies. Segundo Comte, as sociedades caminho de um estágio de evolução da mais “simples”, que seriam as sociedades ditas “primitivas”, para as sociedades mais “avançadas”, baseadas na ciência e tecnologia, que seria o capitalismo. É uma espécie de Darwinismo Social para o entendimento da sociedade. Essa teoria, de certa forma, justificou o processo de colonização implementado pelos europeus.
- Comte lança a teoria da ordem e progresso na sociedade no sentido que o progresso deve ser sempre subordinado a uma ordem. É a valorização das leis, dos valores, da moral, ou seja, das instituições sociais criadas coletivamente.
- Lei dos Três Estados – Na mesma linha de pensamento do processo evolutivo, Comte afirma que toda ciência, todo pensamento, deve caminhar por três fases distintas de pensamento:
1) Estado teológico – deus é a referência de todas as coisas. É um tipo de explicação baseado na fé, na imaginação, na fantasia. É o uso de deuses e espíritos para a explicação dos fenômenos. Possui três fases:
a) Fetichismo – uma alma é atribuída a outros seres naturais;
b) Politeísmo – realidade explicada pela intervenção de vários deuses;
c) Monoteísmo – todas as divindades são reunidas em uma só.
2) Metafísico – Neste deus não seria mais o regente absoluto da vida social, e sim uma essência onipresente a ela.
3) Positivo ou Científico – explicação baseada na observação e experimentação. Segundo o autor, o mais perfeito, expressão da sociedade moderna.
Apesar de Comte ter falado pela primeira vez em sociologia, foi Émile Durkheim que definiu melhor o seu objeto de estudo. Sendo assim, segue algumas ideias desse autor:
- O autor fala na necessidade de construção de um novo sistema científico e moral que se harmonizasse com a ordem industrial emergente. Nesse sentido, assim como Comte, defende a teoria de evolução das sociedades (Darwinismo Social) e de ordem e progresso.
- Fatos sociais – segundo Durkheim, é o objeto de estudo da sociologia. Sociologia seria então a ciência das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento, ou seja, de toda a crença, regra, todo comportamento instituído pela coletividade. Possuem três características:
1)Generalidade – se repete em todos os indivíduos ou na maior parte deles.
2) Exteriores à consciência individuais – as regras, crenças criadas coletivamente atuam sobre os indivíduos independente de sua vontade, ou seja, não são criadas individualmente e, para mudá-las, não dependem de uma vontade individual.
3) Coerção Social – força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarem-se às regras coletivas, independente de sua vontade ou escolha. O não seguimento pode gerar sanções “legais” ou “espontâneas”.
Durkheim afirma que a educação confirma o caráter externo dos modos de agir, pensar e sentir (fatos sociais). Se fossem criados individualmente, não haveria necessidade do processo educativo, que nada mais serve, segundo o autor, para transmitir os valores, as crenças, os sentimentos coletivos, mantendo, com isso, a ordem social.
Para Durkheim, a moral é um exemplo de fato social. Ela tem um duplo aspecto: da mesma forma que são coercitivas, impondo aos indivíduos os seus valores, ela é agradável no sentido que nos tornamos humanos a partir das regras coletivas. O autor pontua, com isso, que a sociedade, com suas regras, é o que nos torna seres humanos. De outra forma, estaríamos vivendo como os outros animais, vivendo a partir da instintividade.
Segundo o autor existem fatos “normais” e “patológicos”. Um fato seria normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha uma função importante para a sua adaptação ou evolução. O crime, para ele, seria exemplo de um fato social. Sendo assim, será necessário conceituar o crime para entender essa normalidade.
O crime, para Durkheim, seria aquele que fere os estados fortes e definidos da consciência coletiva[1]. Sendo assim, o crime não é o mesmo em todas as sociedades, pois cada sociedade, cada grupo, pode formar os seus sentimentos coletivos e cada sociedade pode definir a normalidade dos fatos. A normalidade seria porque o crime existe em todas as sociedades e, além de tudo, exerce uma função nessas sociedades que é de integrar as pessoas em determinados valores. A pena serviria, nesse caso, para reforçar os sentimentos coletivos (consciência coletiva).
[1] Segundo o autor, nós possuímos duas consciências, uma individual e uma coletiva. A individual representa a nossa personalidade própria. Já a coletiva abarca os sentimentos, os valores, as crenças coletivas.