Criar uma Loja Virtual Grátis




Educação


Sociologia - Cont. (III)
Sociologia - Cont. (III)

Entretanto, quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso, a adaptação e a evolução, ele se torna patológico, ou seja, encontra-se fora da ordem social e da moral vigente. Quando isso acontece, a sociedade entra em estado de anomia, que é ausência de regras, de uma moral, desequilibrando a sociedade.

        Seguindo a linha de raciocínio da evolução das sociedades, Durkheim afirma que elas evoluem das mais “simples” as mais “avançadas”. Essa evolução acontece, segundo autor, a partir da passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica. Essa passagem seria o motor de transformação da sociedade.

        A solidariedade mecânica está presente nas sociedades pré-capitalistas. Os indivíduos aqui se identificam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. A divisão do trabalho é reduzida e a consciência coletiva é forte, com poder de coerção.

        A solidariedade orgânica, pelo contrário, está presente nas sociedades capitalistas. A consciência coletiva enfraquece e acelera a divisão do trabalho, tornando os indivíduos interdependentes, garantindo, assim, a união social no lugar dos costumes, da tradição.

        A função da divisão social do trabalho então não seria simplesmente garantir maior produtividade. Ela é importante, principalmente, para garantir a solidariedade social, garantindo a harmonia social, o equilíbrio da sociedade.

        A corrente de pensamento denominada marxismo, através do nome de Marx, observa, especialmente, no estudo da sociedade, como os homens se organizam no processo produtivo. É através da relação dos homens com a natureza, e da relação dos homens entre si para produzir os bens necessários a sobrevivência que está a chave para o entendimento das demais relações humanas.

        Nesse sentido, é necessário observar que, para viver, os homens tem de, inicialmente, transformar a natureza, ou seja, comer, construir abrigos, fabricar instrumentos, etc. Por isso o estudo de qualquer sociedade deve partir das relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza. Ou seja, dito de outra forma, são as condições materiais que condicionam as demais relações sociais, é a base que condiciona todo o resto da sociedade. Por exemplo, eu só posso entender a cultura e a política dessa sociedade se observar a relação senhor e escravo presente dentro dela.

        Analisando a categoria trabalho, Marx afirma que ele é uma atividade eminentemente humana, capaz de produzir diversas transformações na espécie humana. É a partir do trabalho que os homens se constituem enquanto ser social. Os homens, a partir da sua produção, evoluem, se autoproduzem, liberta-se. É uma condição fundamental do processo de emancipação humana.

        Entretanto, em determinadas condições, essa atividade tem se transformado em seu oposto. Segundo o autor, a indústria, a propriedade privada e o assalariamento separam os operários dos meios de produção (ferramentas, matéria prima, máquinas, instalação, etc.) e do produto final. Aquele que produz não consegue se reconhecer no próprio objeto produzido. Há um estranhamento entre produtor e produto do trabalho. Sendo assim, o trabalho, nesse contexto social, sofre um processo de alienação. Em vez de emancipar, desumaniza.

        O desenvolvimento da divisão social do trabalho, através da especialização de tarefas, produz essa alienação. Ela transforma o trabalho em uma atividade repetitiva, monótona, nada criativa e de fácil substituição. O trabalhador, por exemplo, não tem noção do todo da produção, facilitando a alienação e exploração.

        Nesse sentido, a partir dessas relações de produção, ocorre, também, uma alienação política. O Estado, nessas sociedades baseadas em classes sociais, refletem os interesses apenas da classe dominante. No capitalismo, por exemplo, ele é um comitê para gerir os negócios da burguesia. O próprio conhecimento, a ciência e a filosofia, por exemplo, segundo Marx, passa a expressar a sua visão de classe.

        Na visão do autor, as classes sociais são grupos sociais diferenciados a partir das relações sociais. Essa divisão tem sua origem no final da era primitiva, a partir do aumento da produtividade, com a produção do excedente econômico. A produção do estoque permitiu o processo de acumulação desse excedente por algumas famílias, o cerceamento de terras, dividindo os grupos sociais em proprietários e não proprietários dos meios de produção, surgindo assim a desigualdade.

        É na produção desse excedente econômico que vão surgir os escravos, produtores diretos que não possuem os meios de produção e não ficam com o produto do trabalho. Esse é apropriado pela classe economicamente mais abastada financeiramente, que vive no ócio e torna-se, consequentemente, a classe política e espiritual dominante.

        As classes sociais presentes no capitalismo, na visão do autor, polarizam-se em torno da burguesia, donas dos meios de produção e do produto final produzido pelo proletariado, que não possuem nem os meios de produção e não fica com o resultado do seu trabalho, tendo apenas a sua força de trabalho para ser vendida como uma mercadoria qualquer no sistema capitalista.

        Na visão do autor, as relações entre essas classes são de antagonismo e exploração. É a partir da luta entre essas classes que há a possibilidade de transformação da sociedade. Assim como a luta da burguesia contra os privilégios da nobreza e do clero foram responsáveis pela transformação do sistema feudal para uma nova sociedade, a luta do proletariado contra a burguesia pode ser um marco que desembocará numa nova sociedade, o socialismo.

        Para explicar o processo de exploração do sistema capitalista Marx utiliza o termo mais-valia, que seria o trabalho excedente, ou tempo excedente, produzido pelo produtor direto e que não é distribuído com ele. É a partir daí que o capitalista obtém o lucro. Segundo o autor, existe a mais valia absoluta, adquirida pelo aumento da jornada de trabalho, e a mais-valia relativa, obtida pela introdução da tecnologia.